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sábado, 9 de junho de 2007

A Lailai

Acho que nunca vi um programa do Dança Comigo do princípio ao fim, mas sempre que apanho um bocado fico a ver por uns minutos antes de voltar a minha atenção para outro programa ou para algo que tenha de fazer nesse momento. Hoje, apanhei o programa logo no princípio, e fiquei muito contente por ver a Adelaide João no júri. Fiquei totalmente derretida ao ouvir a Catarina Furtado chamá-la de Lailai, pois a alcunha remete-me para a altura em que a conheci, há uns 8 anos.
Isto aconteceu no final do meu 2º ano de faculdade, quando fiz parte do grupo de teatro da Autónoma, orientado pela Bibi Gomes e pelo António Carvalho, do grupo de teatro O Bando. Éramos um grupinho pequeno, mas as nossas sessões eram muito divertidas e aprendemos imenso com eles. Infelizmente, o grupo não durou muito porque a associação de estudantes resolveu deixar de pagar o aluguer da sala onde nos encontrávamos, assim como o salário da Bibi e do Toni (provavelmente o dinheiro passou a ser gasto nas bejecas da tuna) mas mesmo assim fomos convidados a colaborar no primeiro FIAR (Festival Internacional de Artes de Rua), em Palmela. Na última noite do festival, alguns membros do Bando juntaram-se à nossa prestação, entre eles a Lailai, que me impressionou completamente por ser, em matéria de comportamento e disposição, a mais nova de todos nós. Trepava em construções de metal, fingia adormecer para cima dos nossos colos durante as palestras... Enfim, era uma autêntica miúda.
Alguns meses mais tarde, o Bando voltou a contactar os sobreviventes do grupo da Autónoma para colaborarmos no aniversário do grupo. Lá fomos nós novamente para Palmela, de autocarro, e a sempre irrequieta Lailai foi a alma da festa durante toda a viagem. No final, quando nos preparávamos para voltar, senti a mão dela a agarrar-me com força.
- Desculpa lá - disse ela - mas esqueci-me do teu nome. Como é que te chamas mesmo?
- Patrícia.
- É um lindo nome, mas acho que te vou chamar Grande. É que tu és gigantesca, querida. Ó Grande, faz-me um favor. Pega lá na minha mala e ajuda-me até ao autocarro, que acho que exagerei um bocado.
E foi este o meu último contacto com a Lailai. Fui ao segundo FIAR, mas já apenas como membro do público e, apesar de ter falado com a maior parte das pessoas com quem tinha trabalhado no ano anterior, não pude falar com ela. E infelizmente desde aí nunca mais falei com ninguém do Bando ou no grupo da Autónoma, e estou cheia de saudades. Talvez um dia...
Mas, até lá, vou matando saudades desta senhora fantástica vendo-a na TV de vez em quando.

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